O Tamboril

A oferta do mercado vai desde os lombos de tamboril ultra congelado ao peixe fresco. Se tiver possibilidade opte pelo peixe fresco, pedindo que o arranjem previamente. Tem poucas espinhas e separa com facilidade os lombos. A parte da cabeça do peixe e espinha é utilizada para fazer o caldo. Pode ver a receita do Fumet no Índice.

Arroz de Tamboril

Grau de Dificuldade:

Fácil

Tempo de elaboração:

50 Min.

Ingredientes:

500 Gr. Tamboril Limpo

350 Gr. Arroz Carolino

1 Cebola

2 Dentes de Alho

1 Folha de Louro

2 Tomates Maduros

1 Pimento Verde

200 Ml. Vinho Branco

Salsa

Coentros

Azeite 

Sal

Pimenta

Preparação:

Coza o tamboril em água temperada com sal. Escorra e reserve, guardando a água da cozedura. Retire a pele que cobre o peixe e corte-o em cubos.

Pique a cebola, o alho, o pimento e os tomates em cubos. Refogue a cebola e o alho. Junte a folha de louro e o pimento. Mexa e deite que o pimento amoleça ligeiramente. Adicione o arroz, que lavou previamente, e mexa. Junte um raminho de salsa, tempere com sal  e adicione o vinho branco (a medida indicada corresponde aproximadamente a um copo de água). Pode colocar também uma malagueta se quiser um arroz mais picante.  Uns minutos depois adicione o caldo de cozer o peixe,  (a quantidade de caldo corresponde ao dobro da medida do arroz). Quando o arroz estiver a meio da sua cozedura adicione o peixe. Deixe cozinhar aproximadamente dez minutos. Se preferir um arroz com mais caldo adicione um pouco mais da água da cozedura. Decore com coentro picado e sirva.

Nota: se quiser dar um pouco mais de cor adicione duas colheres de polpa de tomate antes de juntar o peixe ao arroz.

 

O versátil Atum.

Quem é que não gosta de Atum?

Desde a simples lata de atum em conserva, tão comum na casa dos portugueses, aos saborosos pratos de atum grelhado, de cebolada, em escabeche, etc. 

Numa das minhas ultimas visitas Algarve comi na Marina de Portimão uma deliciosa posta de atum grelhado.

O grelhar do peixe já obriga a uma certa técnica pelo que esta receita que me sugeriu um amigo e reune todas as condições para que mesmo os menos talentosos na cozinha possam fazer um brilharete diante da familia ou convidados.

Bife de Atum à Algarvia

Grau de Dificuldade: Fácil

Tempo de elabaração: 30 min + 20 min

 

Ingredientes:

4 Bifes de Atum

1 Cebola Grande

3 Dentes de Alho

4 Tomates Maduros

200 ml de Vinho Branco

1 Folha de Louro

1 Limão

Azeite

Sal

Pimenta

Batatas

Preparação:

Comece por temperar os bifes com sal e pimenta de ambos os lados, regue com sumo de limão e deixe a marinar durante pelo menos meia hora.

Entretanto descasque os alhos e cebola. Corte o alho em lâminas  e a cebola em meias luas. Reserve. Lave o tomate, corte-o em cubos pequenos, retire as grainhas e reserve. Numa frigideira grande deite um fio de azeite. Aqueça-o, refogue a cebola e o alho. Quando a cebola começar a ficar translúcida junte o tomate. Deixe cozinhar um pouco mexendo de vez em quando. Adicione o vinho, mexa e afaste o tomate e as cebolas para os lados e coloque os bifes na frigideira. Cozinhe cerca de três minutos de cada lado.

Retire e sirva acompanhado de batatas cozidas e polvilhado com salsa fresca.

 

Cozer as batatas

Coloque a água com um punhado de sal ao lume e quando ferver adicione as batatas cortadas em quartos.

Deixe cozer durante aproximadamente dez minutos.

Verifique a cozedura com um garfo.

Pratos regionais simples e saborosos

Quando vou a algum sitio novo gosto de experimentar e descobrir o que têm para oferecer. A melhor forma de conhecer uma região ou país é "mergulharmos" nos seus costumes e tradições.

Para começar nada melhor que a gastronomia. Tentem pratos desconhecidos e podem ficar surpreendidos.

Foi o que me aconteceu na minha primeira visita à Galiza. 

Pescada à Moda da Galiza

Ingredientes:

1,5kg de Pescada

2 Cebolas

5 Batatas

7 Dentes de Alho

4 / 5 Bagas de Pimenta

1 Colher de Sobremesa de Colorau

2 Folhas de Louro

Sal

Azeite

Vinagre

Preparação:

Tempere com sal as postas de pescada, (de ambos os lados), e reserve durante uma hora. (Isso vai fazer com que desidratem um pouco e fiquem com uma textura mais forte depois de cozidas).

Descasque as cebolas, corte em quartos e leve ao lume a cozer numa panela com água, a pimenta e uma folha de louro. Quando a água começar a ferver introduza as batatas cortadas aos quartos. O tempo de cozedura pode variar de dez a quinze minutos. Experimente picar com um garfo para ver se estão cozidas. As batatas devem estar cozidas, mas não a desfazer.

Retire as batatas e coza as postas nessa água. Entretanto leve uma frigideira ao lume com os dentes de alho cortados em lâminas e um fio de azeite. O suficiente para cobrir o fundo da frigideira.

Quando o alho alourar, retire do lume e junte o colorau. Mexa, e adicione um pouco de vinagre, (uma a duas colheres de sopa) e uma concha de água da cozedura.

Mantenha quente até servir.

Um prato para partilhar com os amigos.

Agora que o verão chegou apetecem pratos fáceis e para partilhar. Quem não gosta de reunir a famila ou os amigos no jardim ou terraço e partilhar uma boa refeição?

Ponha um bom vinho branco a refrescar e entretanto tome uns aperitivos com os seus amigos enquanto o pargo se faz quase sozinho!

Vai ver que até os menos apreciadores de peixe vão gostar.

Pargo Assado

Ingredientes:

1 Pargo (entre 1kg a 1,5 kg)

800 gr Batatas

1 Cebola (220 gr)

4 Dentes Alho

1 Folha de Louro

3 Fatias Bacon

Vinho Branco

Azeite

Sal

Colorau

1 Ramo de Salsa (opcional)

Preparação:

Passe o pargo por água para retirar restos de sangue e impurezas. Coloque num tabuleiro. Tempere com sal e pimenta de ambos os lados e no interior. Coloque as fatias de bacon nos cortes do peixe.

Descasque as batatas  e corte em cubos pequenos. Disponha à volta do peixe. Descasque o alho e a cebola e junte ao preparado. 

Polvilhe com colorau, adicione a folha de louro e o ramo de salsa. Regue com um pouco de azeite, junte o vinho. (A quantidade de vinho depende do tamanho do pargo e do tabuleiro. Convém que seja sensivelmente o suficiente para quase cobrir as batatas.

Tape com uma folha de papel de aluminio e leve ao forno durante quarenta  a cinquenta minutos. Verifique se as batatas estão cozidas antes de retirar do forno.

Cinco a dez minutos antes de  retirar destape para tostar ligeiramente.

Se preferir pode dar uma pré-cozedura às batatas antes de as colocar no tabuleiro, tendo-as escorrido bem.

 

Os restos do peixe...

Quem é que não se viu já com um monte de sobras, peles, ossos, espinhas, etc, quando está a preparar algum prato?

Os que temos animais ou conhecemos alguém que tem pensamos duas vezes antes de deitar fora. Mas confesso que muitas vezes ainda me parece um desperdicio! E mais agora que, com tanto programa de culinária se ouve constantemente falar nos caldos de carne, peixe ou Fumet.

Ora aí está uma boa ideia, fazer um caldo! Se compro caldos de carne ou peixe, em cubos, ou em tetra pack, porque não fazer? Mas para ser franco, das vezes que me aventurei não gostei muito do resultado. Fiquei com um caldinho que quase parecia uma sopa para doentes… E se juntar um vegetal, e mais qualquer coisita? Aí pensava eu, acabava como na lenda da sopa da pedra, onde quando o frade bate à porta a pedir para fazer a sopa, diz que tem o ingrediente principal, a pedra, mas se derem uma couve…

Um dia destes fui comprar uns filetes de peixe-espada preto, e pura e simplesmente não havia. Então decidi arriscar e tentar “retirar” os filetes ao peixinho. Não haveria de ser complicado… De facto não foi assim tão dificil, mas reconheço que se estivesse a trabalhar por conta de outrém tinha uma carta de despedimento na mão ao fim do dia! Consegui mas preciso de uma faquinha mais afiada e mais umas horas de treino para vir a ter melhores resultados.

Depois de me ter dedicado a, digamos que, "esquartejar" o peixe, acabei com trezentos e quarenta gramas de filetes, uns melhores que outros e cerca de cem gramas de raspas ou aparas de peixe. Isto foi o que me sobrou de aproximadamente um kilo e trezentos? Mas é claro que não! Então e aquelas peles, a espinha ainda com umas pontas de peixe agarrada, para não falar na cabeça do infeliz, aquela que a jovem da peixaria me perguntou se queria para fazer um fumet?

Assim vim da peixaria com o peixinho e aquela história do fumet a dar voltas na cabeça. Ainda bem, porque depois de me aventurar com os filetes ter-me-ia dado uma coisa ao ver o desperdicio.

Assim, depois de consultar os livros vi que um fumet não é despejar umas espinhas e restos de peixe numa panela com água como eu fazia. É algo mais mas que compensa plenamente!

O aroma é espectacular e já estou mesmo a pensar como gastá-lo. Talvez numa massada de peixe, um arroz, um molho…

Fumet

Ingredientes:

600 gr Restos de Limpar o Peixe, (Cabeça, espinha, pele)

1 Alho Francês

1 Ramo de Aipo

3 Ramos de Salsa

2 Ramos de Tomilho

1/2 Folha de Louro

8 Grãos de Pimenta

2 Colheres de sopa de Azeite

3/4 Chávena de Vinho Branco

Água qb.

Preparação:

Meta a cabeça, as espinhas e as peles num recipiente com água fria e deixe em repouso durante 15 minutos. Passado esse tempo, escorra a água e e repita a operação.

Pretende-se limpar todas as impurezas que possam ter ficado nos restos do peixe, sangue etc.

Entretanto corte o alho francês, e o aipo em pedaços de 1 cm aproximadamente. Leve ao lume num tacho com o azeite e deixe suar um pouco tapado. Cuidado de não deixar queimar. Escorra o peixe e adicione. Junte a salsa, o tomilho e o louro. (fez um raminho com eles). Adicione a pimenta em grão, o vinho e água suficiente para tapar mas sem  exceder dois cm, por cima do peixe.

Deixe levantar fervura, com uma colher limpe as impurezas e depois baixe o lume para que coza em lume brando durante meia hora aproximadamente.

Escorra para uma tijela com um coador  e um pano, para retirar todos os elementos sólidos.

Utilize de seguida.

Se pretender guardar arrefeça bem antes de guardar no frio. Não é aconselhavel congelar porque pode perder sabor.

 

João Esmeraldo e Cristovão Colombo

Em 1989 nas minhas férias fui pela primeira vez à Madeira onde tive o prazer de participar pela mão do Arquitecto Mário Varela Gomes e Mestra em História da Arte, Rosa Varela Gomes, do historiador Rui Carita  e do técnico arqueológico Francisco Serpa, nas escavações da casa de João Esmeraldo / Colombo, tendo a meu cargo a limpeza e classificação das peças encontradas.

Jeanim Esmerandt era um comerciante flamengo que veio da Flandres para Lisboa em 1480, como funcionário da companhia Companhia Despars, sediada em Bruges e que se deslocou várias vezes à Madeira, uma vez que era o responsável pelo comércio do açúcar entre Portugal e a Flandres. Acabaria por comprar uma casa na Rua do Sabão, muito perto da Sé do Funchal, local onde tiveram lugar as escavações arqueológicas, as primeiras da ilha. Cristovão Colombo terá segundo conta a tradição pernoitado na casa de João Esmeraldo em 1498, quando da sua expedição às Antilhas. Esmeraldo comprou também uma propriedade que viria a ser o solar dos Esmeraldos estabelecendo-se definitivamente na ilha.

A primeira casa de João Esmeraldo foi mandada demolir pela câmara municipal no final do século XIX. Dela salvou-se uma janela manuelina que está noutro museu da cidade. Na cave de um edifício ao lado do local onde se encontrava a casa  está instalado o Museu A Cidade do Açúcar, que merece uma visita quer para ver as peças que foram encontradas, algumas delas porcelanas da china, cachimbos holandeses, moldes de açúcar, os primeiros encontrados na Madeira e ainda integrado no museu o poço que pertencia à casa e de onde sairam também bastantes peças, incluída uma bonita tijela de faiança.

O local onde estava a casa é atualmente a Praça de Colombo

Durante as semanas em que alí permaneci, tive oportunidade de conhecer uma boa parte da cidade e arredores e também de mergulhar literalmente na gastronomia. Ainda hoje me lembro do sabor caracteristico dos bifes, tendo finalmente perguntado a um casal amigo que me convidou para jantar o que usavam para que tivessem aquele paladar, e a resposta foi algo tão simples como segurelha fresca.

Ja tentei várias vezes plantar segurelha mas ainda não consegui que a mesma nascesse e lamentavelmente a seca não é a mesma coisa.

Outra coisa que provei lá foram os tabaibos. Um dia depois de um passeio com o pessoal da camara municipal, onde nos levaram a visitar o monte e a floresta Laurissilva, (património natural da humanidade), fomos convidados a casa de um deles onde nos ofereceu os tabaibos. Sinceramente não fazia a minima ideia do que fosse, e nem os reconheceria, descascados e fresquinhos. Deliciosos! E afinal de contas o que eram? Figo-da-India. Uma coisa tão simples e que encontramos com frequência no campo ou nas estradas e que pelo seu sabor é utilizada na alta cozinha.

Mas para além das gentes que me cativaram, da cidade e do clima, se bem que muito humido principalmente no mês de agosto, houve algo de que fiquei fã!

O peixe-espada à madeirense! Um prato simples que junta a banana da Madeira, deliciosa, com os filetes de peixe espada preto. Sinceramente e já referi isso antes, não sou nem nunca fui apreciador de peixe, mas esta receita onde juntam filetes sem espinhas, com banana e batatas salteadas... Hummmm.

O peixe-espada preto Aphanopus carbo habita no oceano Atlântico, desde o estreito da Dinamarca, a Islândia e Noruega até ao arquipélago da Madeira e à costa oeste do Norte de África em profundidades que vão desde os 200 aos 1700 metros. Alguns espécimes podem atingir 1,45 metros e viver 32 anos. Este que encontrei quando olhava para o balcão do peixe numa visita ao supermercado, não deve ter tido uma vida tão longa...

Na Madeira são os pescadores de Câmara de Lobos os que se dedicam à pesca do mesmo. Câmara de Lobos é uma pequena localidade situada a poucos kilometros do Funchal onde para além do seu pequeno porto não podemos deixar de provar a Poncha, (aguardente de cana-de-açúcar com mel e sumo de limão tipica) e já um ex-libris da Madeira. Atualmente há muitas variantes da Poncha, desde a poncha de maracujá, à poncha de laranja etc.

Outros pratos tipicos são as espetadas de vaca em pau de loureiro, o milho frito, o milho frio... Enfim se pela gastronomia vale a pena pensar numa visita, também temos como se isso não bastasse os vinhos da Madeira,  destacando-se os vinhos licorosos. 

Mas para os amantes da natureza, estão as paisagens  como o Pico do Areeiro, Santana da Serra e as suas casinhas tipicas, as célebres levadas, o museu das orquídeas, (a Madeira é conhecida internacionalmente também pelas suas flores).

Em termos de etnografia, os seus trajes típicos, o mercado dos lavradores em si um espectáculo de cor, e finalmente os bordados da Madeira uma verdadeira obra de arte!

http://www.oocities.org/mare_sol2001/j_esmeraldo.html

 

https://pontadosol.wordpress.com/2006/11/10/joao-esmeraldo/

 

http://www1.cm-funchal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=225&Itemid=283

https://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe-espada-preto

https://www.visitportugal.com/pt-pt/destinos/madeira

 

http://www.bordadomadeira.pt/pt/pontos-de-bordado-madeira/menu-id-36.html

 

 

Peixe Espada à Madeirense

Ingredientes:

4 Filetes de Peixe Espada Preto 

1 Limão

Sal 

Pimenta

4 Dentes de Alho

4 Batatas

4 bananas

2 ovos

Farinha

30 gr. Manteiga

Coentros

Óleo

Preparação:

Tempere os filetes com sal e pimenta, (de ambos os lados). Junte metade do alho picado e o sumo de limão e reserve no frio durante vinte minutos.

Coza as batadas em água e sal durante cerca de de dez minutos. Escorra e reserve.

Passe os filetes primeiro pelo ovo batido e na farinha e frite em oleo quente. Repita a operação com a banana. Coloque com papel de cozinha até servir para absorver o excesso de gordura.

Coloque a manteiga numa frigideira derreta, adicione os alhos e salteie as batatas temperando com um pouco de sal.

Polvilhe com os coentros picados e sirva.

O fiel amigo...

Conhecido como o fiel amigo, o bacalhau é um dos produtos tradicionais na casa de todos ou quase todos os portugueses. Estamos tão acostumados a ele que não nos surpreende que haja mil formas de o cozinhar, ou serão mais? É algo que sempre comi, desde a forma mais simples, o tradicional Bacalhau com Todos, (Bacalhau cozido com batatas, couve, grão de bico, cenouras), aos deliciosos Pastéis de Bacalhau, ou um prato de que ultimamente me tenho lembrado e não provo há muitos anos, o Bacalhau Grelhado na Brasa acompanhado com feijão-frade e ovo cozido. Ainda havendo muitas formas de cozinhar o Bacalhau quase sempre acabamos por nos limitar a três ou quatro, aquelas de que mais gostamos. Acho que já vi por aí, seja em casa nos livros antigos da minha avó e mãe ou nos e-mails que algum amigo ou amiga me enviou as cem receitas de bacalhau, ou mais recentemente o livro do Chef Vítor Sobral, que recomendo, " As minhas quinhentas receitas de Bacalhau". Se há peixe versátil é este, podemos fazer quase de tudo e é muito provável que alguém já tenha começado a explorá-lo na nova cozinha repleta de técnicas estranhas.

É engraçado o que podemos descobrir quando começamos a procurar informação sobre as coisas que nos rodeiam e às quais não prestamos atenção, porque simplesmente estão aí. Ora vim a descobrir imaginem, que o bacalhau terá entrado na nossa vida lá pelo século XIV ou XV, as fontes variam, quando no período dos descobrimentos surgiu a necessidade de preparar alimentos que se conservassem durante pelo menos 3 meses. Provavelmente até teria ouvido falar no assunto quando estudei, mas a única coisa de que me lembrava sobre as necessidades alimentares dos nossos navegantes ficava-se pela falta da vitamina C e claro, o Escorbuto. Os Vikings terão sido os primeiros a descobrir e utilizar o bacalhau já que era uma espécie abundante nos mares onde navegavam. No entanto como não tinham sal conservavam o mesmo secando-o ao sol até perder uma quinta parte do seu peso e deixando-o duro como uma tábua. Segundo algumas fontes terão sido os bascos lá pelo ano 1000, quem terá começado a comercializar o Bacalhau seco e salgado. Os Vikings não tinham sal e descobriram que em Portugal havia com qualidade e em abundancia. Existem registos de trocas comerciais com os habitantes do Lugar de Pedrinhas, concelho de Esposende. Assim começou uma troca comercial e de conhecimentos de navegação, onde eles nos traziam os seus peixes e nós lhes fornecíamos o sal. A referencia às primeiras fabricas de transformação do Bacalhau na Islândia e Noruega data do século IX.  Já a pesca do Bacalhau pelos portugueses remonta ao século XV quando começaram a fazê-lo na Terra Nova, tendo-se mantido ao longo dos séculos. Durante o século XX era habitual referir-se a frota de barcos que se dedicava à pesca do mesmo por águas da Terra Nova no Canadá. Devido ao seu valor comercial logo no século XV houve acordos de pesca entre países como a Inglaterra e Portugal aliando-se em contra da França. Mais tarde a tentativa de controlo da pesca do mesmo na Islândia deu origem ao conflito entre os ingleses e os alemães, conhecido pelo nome " A Guerra do Bacalhau" e posteriormente mais um conflito envolveu desta vez os ingleses e os espanhóis. Actualmente a pesca do Bacalhau está a ser controlada a nível internacional uma vez que devido à pesca excessiva nalguns países há o perigo de extinção 

A título de curiosidade referir que o principal consumidor de Bacalhau é Portugal, logo seguido pela Espanha.

A espécie comum e comercializada é o "Gadus morhua". Esta habita no Atlântico, preferindo o fundo do mar, seja ele rochoso ou arenoso, mas também pode nadar para mar aberto. É uma espécie migrante que vive em cardume, embora por vezes se possam encontrar exemplares solitários. Prefere as águas de temperaturas inferiores a 10º C.

Enfim, para quem possa interessar-se sobre o tema há muitas referências na internet, para além de alguns livros específicos sobre o tema, como este do Chef Vitor Sobral. Por exemplo temos um longo artigo nesta página e que valerá a pena ler com calma, 

"O “fiel amigo”: o bacalhau e a identidade portuguesa" http://etnografica.revues.org/3252

O Bacalhau salgado é comercializado de acordo com as seguintes classificações:

1ª Categoria

Especial, quando o seu peso é superior a três kg,

Graúdo, quando o seu peso é inferior a três kg e superior a dois kg.

Crescido, com peso inferior a dois kg, mas superior a um kg.

Corrente, com peso igual ou inferior a um kg mas superior a meio kg,

Miúdo, com peso igual ou inferior a meio kg.

2ª Categoria

Este Bacalhau apresenta algumas imperfeições na pele ou não se encontra inteiro

Sortido, mais de três kg.

 Sortido de dois a tês kg.  

 Sortido de um a dois kg.

 Sortido de meio a um kg.

 Sortido menos de meio kg. 

 Para demolhar o Bacalhau devemos começar por passá-lo por água corrente para eliminar o excesso de sal. Seguidamente irão colocá-lo numa tigela com água fria com a pele voltada para cima. Devemos mudar a água aproximadamente cada 12 horas. Não se aconselha mudar a água duas horas antes de cozinhar. Para o bacalhau Corrente o tempo de demolha é de 36 horas, para o Crescido 48 horas, para o Graúdo é de 55 horas e por último para o Especial 72 horas. Se pretender congelar o bacalhau depois de demolhado, deve secá-lo bem com um pano e untar com um pouco de azeite para que não seque demais enquanto estiver congelado. Se preferir pode optar pela compra do bacalhau já congelado.

 Já agora uma sugestão de viagem ao centro de Portugal, a Ílhavo cidade com grande tradição marítima onde podemos visitar o Museu Marítimo com uma interessante colecção sobre a pesca do Bacalhau. Para além do navio museu, um antigo bacalhoeiro do século XX. Para os amantes do Bacalhau, fica a referência de que o Município organiza todos os anos no mês de agosto o Festival do Bacalhau. A não perder também o museu e fábrica de porcelanas da Vista Alegre, outra referência da ter em conta como produto de qualidade, ou a cidade de Aveiro situada apenas a oito km de distância e conhecida pelos seus canais, como a Veneza portuguesa. Mas isso já fica ao critério de cada um. Pessoalmente terei em conta o Museu Marítimo de Ílhavo para poder ver o Aquário dos Bacalhaus único na península. Mas um local que também merece uma visita é a rua do Arsenal em Lisboa, palco do Regicio de 1908, e onde estava o Arsenal da Marinha,  local onde a família real se refugiou depois do incidente. Nela encontramos ainda muitas das lojas que no século XIX abasteciam a Baixa Pombalina e onde se concentrava o Bacalhau de qualidade. Especial referencia para o Rei do Bacalhau.

A receita que fiz foi adaptada da "Fish Pie" da Mary Berry.  Basicamente substituí a pescada fresca e fumada que nem nunca vi, por Bacalhau fresco e Bacalhau fumado. Tenho que reconhecer que o Bacalhau fumado melhora muito o sabor deste prato.

Então boa viagem!

http://www.visitcentrodeportugal.com.pt/pt/a-rota-do-bacalhau/

http://www.bacalhau.com.br/historia.htm

http://www.salviking.com/blogs/news/17196579-porque-sal-viking
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lugar_das_Pedrinhas
Patrick Louisy " Guia de  identificacion de los Peces Marinos de Europa y del Mediterraneo" editorial Omega
 

 

 

Falso Soufflé de Bacalhau

Ingredientes: 

50 gr Manteiga

1 Alho Francês

50 gr Farinha

6 dl Leite

2 colheres de sopa de Endro

2 colheres de sopa Sumo de Limão

500 gr Bacalhau 

160 gr Bacalhau Fumado

3 Ovos

Para a Cobertura:

400 gr Pão

50 gr Queijo Creme

75 gr. Manteiga

75 gr Queijo Ralado

1 Clara de Ovo

Sal

Pimenta

Preparação:

Comece por untar com manteiga uma bandeja que possa ir ao forno. Para fazer o creme limpe de pele e espinhas o bacalhau demolhado, desfie e escorra bem. Num tacho derreta a manteiga e adicione o alho picado muito fino. Mexa até que comece a ficar transparente, (cuidado de não deixar queimar). Deite a farinha e misture. Seguidamente deite o leite quente continuando a mexer até ficar um creme espesso. Retire do lume, adicione o endro picado, o sumo de limão e os bacalhaus. Volte ao lume mais dois minutos e retire. Deite na bandeja, cubra com os ovos cozidos, cortados às rodelas e deixe arrefecer.

Entretanto corte o pão em fatias de  cerca de 1,5 cm de espessura, precisa de pelo menos três fatias, retire a crosta e corte em cubos de 1,5 aproximadamente. O ideal é um pão com dois a três dias. Derreta a manteiga com o queijo. Bata a clara em castelo e adicione sem mexer muito para nao baixar demasiado ao preparado anterior. Junte o pão.

Finalmente, cubra a bandeja com esta mistura, espalhe o queijo ralado e leve ao forno a dourar durante cerca de 25 a 30 minutos

Acompanhe com uma salada de alface por exemplo.

Peixe... Aghhh...

A minha relação com o peixe nunca foi famosa. Claro que comia, porque era obrigado. Havia alguns pratos que gostava, reconheço, essa torta de peixe, o bacalhau assado, peixe frito... Tudo receitas onde o peixe estivesse mas disfarçado.

Atualmente reconheço que há pratos espetaculares, e em abono da verdade se o peixe for fresco sou  capaz de dizer que uma boa posta de peixe grelhado com um acompanhamento tão simples como batata cozida está genial.

Vou começar com esta receita de que tanto gostava, mas irei continuar com outras diferentes e tentando experimentar outras variedades de peixe, sempre limitado à oferta de peixe fresco ou ultracongelado do supermercado.

Vamos lá ver como vai crescer esta secção!

Enrolado de Peixe com Molho de Tomate

Torta Fofa

6 ovos

2 colheres de sopa de farinha

Sal q.b.

 

Comece por bater as claras em castelo, com um pouco de sal. Num copo ou taça misture as gemas. Adicione às claras batidas bem como a farinha deitada em chuva.

Misture o menos possível para não quebrar as claras e a massa não perder leveza.

Deite a massa num tabuleiro rectangular bem untado com manteiga e polvilhado com farinha.

Meta a torta no forno que deve ter sido aceso 5 min. antes.

Depois de cozida recheia-se e acompanha com molho de tomate.

 

Recheio de Peixe

Ingredientes:

700 gr Peixe

1 Cebola (150 gr)

50 gr Manteiga

50 gr Farinha

250 ml Água de Cozer o Peixe

250 ml de Leite

 

Preparação:

Coza o peixe. Deixe arrefecer e limpe de peles e espinhas.

Derreta a manteiga e aloure ligeiramente a cebola. Adicione a farinha e misture. Junte o leite e água sem parar de mexer. Desfaça o peixe e deite no preparado. Tempere com sal, pimenta e noz moscada. Por ultimo deite o sumo de um limão. Deixe engrossar. Se quiser pode adicionar uma gema de ovo batida, tendo o cuidado de retirar o preparado do lume até a integrar voltando depois ao lume.

Rectifique os temperos e deixe arrefecer.

Tomatada, ou Molho de Tomate

Ingredientes:

100 ml Azeite

300 gr Cebola

5 Dentes de Alho

1 Folha de Louro

800 gr Tomate Picado

775 ml Água

30 gr Farinha

20 gr  Açúcar

Sal

Preparação:

Pique a cebola  e o alho e aloure no azeite. Junte o tomate, e a mesma medida da lata em água. Desfaça a farinha num pouco de água, e adicione juntamente com o açúcar. tempere com sal e mantenha ao lume até  engrossar.

Se necessário triture para obter um creme

Comentarios

06.09.2016 23:54

António Manuel Pereira

Um blog com muito bom look...e melhor sabor, presumo...